Nutrição esportiva, futebol e genética
- Adrian Mcoy

- 17 de jun.
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O futebol envolve exercícios intermitentes de intensidade variável onde, aproximadamente, 88 % de uma partida envolvem atividades aeróbias e, os 12 % atividades anaeróbias de alta intensidade e ainda envolve a qualidade do adversário e importância do jogo. Pretende-se rever as principais alterações metabólicas desses atletas com prováveis implicações nutricionais e/ou na conduta dietética para melhor desempenho. O gasto energético de um jogador de futebol é estimado em 1360 kcal/jogo. As atividades do segundo tempo são 5 % menores que as do primeiro, com variações diretamente relacionadas com os níveis do glicogênio muscular pré-jogo.

As reservas de glicogênio muscular, durante o jogo, variam de 20 a 90%, dependendo dos fatores intensidade do esforço, temperatura ambiente e composição da dieta pré-treino/competição.
A desidratação e hipertermia são aceleradores do consumo de glicogênio e, assim, da fadiga muscular, perceptível, particularmente, no segundo tempo quando o atleta evita sprints, caminha mais do que corre e reduz a distância percorrida.
Os jogadores de futebol encontram-se ainda sob risco constante de desenvolverem deficiências nutricionais de micronutrientes pela oxidação excessiva dos mesmos pelo desgaste nos músculos, perdas intestinais, sudorese intensa, viagens constante, mudanças de horários e dietas inadequadas. A principal preocupação também é a ingestão inadequada de alto consumo de proteínas, gorduras e baixo consumo de carboidratos.
Desta forma, expresso a importância do nutricionista esportivo que representará seu conhecimento na nutrição e na genética no grupo para que possa compor uma equipe multidisciplinar, para transformar os jogadores de futebol em atletas de alta performance.
Na Grécia antiga, o vencedor de um evento olímpico tornava-se um semideus. Ele era premiado com um ramo de oliveira, recebia grandes somas de dinheiro (em Atenas, recebia 500 dracmas, uma pequena fortuna) e muitos prêmios. Escultores criavam suas efígies e os poetas compunham e recitavam odes que os louvavam.
E no mundo de hoje, o que faz um atleta de elite? De fato, um considerável número de “polimorfismo de melhora de desempenho” (performance enhancing polymorphisms, ou PEPs, na sigla em inglês) já foi identificado no genoma humano. Exemplos de PEPs, incluem variações genéticas de genes importantes na função cardíaca e respiratória, genes de receptores adrenérgicos, genes do DNA mitocondrial, genes que influenciam o fluxo sanguíneo, genes que afetam a estrutura muscular (com destaque para o gene ACTN3 da alfa-actinina-3) e o gene da enzima conversora de angiotensina (ECA).
Atualmente, são muitos os trabalhos que tentam compreender os mecanismos responsáveis pelas respostas fisiológicas dos atletas, sugerindo a herança genética como um importante preditivo para o potencial atlético. Segundos, os autores atestam que as composições corporais, composição de fibras musculares, capacidade de adaptação ao treinamento, captação máxima de oxigênio (VO2 max ), utilização de substratos energéticos, equilíbrio eletrolítico e hormonal são diretamente influenciado pelo DNA.
A genética, a nutrição e o exercício (fatores epigenéticos) bem como a interação entre ambos têm impacto importante sobre as variáveis fisiológicas e, consequentemente, no desempenho físico de cada indivíduo. Em relação ao desempenho atlético, tem sido demonstrado que os fatores genéticos podem determinar de 20 a 80 % as diversas variações encontradas .
Esportes coletivos são mais complexos no que se diz respeito ao estabelecimento dessas correlações, pois são vários os fatores que podem influenciar o desempenho do atleta perante sua equipe. Com relação ao futebol, especificamente, há trabalhos relatando a influência direta de polimorfismo genético na eficiência do desempenho de jogadores. Os mecanismos responsáveis por esta eficiência têm sido alvo dos pesquisadores e fisiologistas dos grandes clubes e tem sido sugerido que os polimorfismos genéticos possuem grande contribuição, visto a complexidade da potência, força e resistência que é exigido dos atletas de futebol. Durante uma partida de futebol percorrem de 8 a 12 km, sendo a maior parte desse percurso marcado por caminhadas ou leves trotes ou tiros de corrida, o que requisita uma boa resistência aeróbia. Além dos jogadores saltarem, chutarem, disputarem a bola corpo a corpo tanto no ataque como na defesa, ou seja, executam ações curtas e de alta intensidade com força e velocidade ao mesmo tempo. Desta forma, a importância dos testes genéticos e os estudos dos polimorfismos, vem crescendo dentro da ciência do esporte, pois pesquisas científicas que relacionam polimorfismos de genes específicos com o desempenho esportivo de atletas têm sido desenvolvidas com grande êxito.
Pela Dra. Thais Verdi
Refências:
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