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Colonoscopia: um exame invasivo e perigoso - uma tendência médica absurda.


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A colonoscopia é apresentada como um exame simples e indispensável — “faça todo ano, é seguro e pode salvar vidas”, dizem os panfletos e campanhas. Mas há um outro lado pouco divulgado: complicações graves, incluindo perfuração intestinal, hemorragias e até mortes. Apesar de raros, esses casos são suficientes para reacender uma pergunta incômoda: estão recomendando colonoscopias por demais? Qualquer coisinha gástrica e já querem te enviar uma colonoscopia anus adentro! – Como se não houvessem alternativas.

 

Será porque são mais simples e bem mais baratas?

O que diremos?

 


Casos em evidência:

 

Reino Unido (Wakefield, 2023) — Coroner report: David Wilson morreu no dia seguinte a uma flexible sigmoidoscopy (exame endoscópico do intestino grosso) devido a perfuração colônica, reconhecida como complicação do procedimento. (https://www.judiciary.uk/prevention-of-future-death-reports/david-wilson-prevention-of-future-deaths-report)

 

Coreia do Sul (2021, julgado noticiado em 2024) — Médico processado por homicídio culposo após perfuração intestinal durante colonoscopia; a acusação aponta falha no dever de cuidado e explicação de riscos. (https://www.mk.co.kr/en/society/10964839)

 

Brasil, Goiás (out. 2025) — Série de reportagens relata duas a três mortes de mulheres após colonoscopia, com perfuração intestinal confirmada e evolução para cirurgia/sepsis; investigações policiais em curso. (R7/Jornal da Record e afiliadas regionais). (https://noticias.r7.com/goias/cidade-alerta-goias/mulher-de-55-anos-morre-apos-sofrer-perfuracao-no-intestino-durante-colonoscopia-09102025)

 

 

Esses números parecem pequenos, mas ganham outro peso quando se considera o volume mundial de exames: só nos Estados Unidos são realizadas mais de 15 milhões de colonoscopias por ano! Isso significa que, proporcionalmente, podem ocorrer centenas de mortes e milhares de complicações anualmente — um dado que raramente é divulgado nas campanhas de rastreamento.

 

Outro levantamento, publicado no Journal of the National Cancer Institute (2003), indicou que pacientes com mais de 65 anos têm quase o dobro de risco de perfuração intestinal, especialmente quando o exame inclui a retirada de pólipos. Em idosos com múltiplas doenças, a taxa de perfuração chega a 0,2%, e a chance de morte após esse tipo de complicação é cinco vezes maior do que em adultos jovens.

 


MÉDIAS REAIS DE COMPLICAÇÕES

Perfuração intestinal — cerca de 1 para cada 1.000 exames

  • Fonte: Institute for Clinical Evaluative Sciences (ICES), Canadá — relatório “Colonoscopy complications in Ontario”, publicado em 2010, analisando mais de 97 mil colonoscopias realizadas no sistema público.


0,85 perfurações a cada 1.000 exames - www.ices.on.ca

  • Fonte: Gastroenterology Journal (EUA), artigo “Complications of colonoscopy in an integrated health care delivery system” — Kaiser Permanente, 2008

 

1,0 perfuração a cada 1.000 exames em ambiente de rotina.www.gastrojournal.org

🔹 Sangramento significativo — cerca de 10 para cada 1.000 exames

  • Fonte: Canadian Medical Association Journal (CMAJ), estudo de Singh et al., 2010, “Risk of serious complications after colonoscopy”.


1,64 sangramentos por 1.000 exames e até 10 por 1.000 quando há remoção de pólipos (polipectomia) - www.cmaj.ca


0,9 a 1,8% de sangramento em exames com polipectomia por 1.000 - www.thieme-connect.com/products/endoscopy



Mortalidade associada

 

Esses números representam médias reais observadas em campo, não as minimizadas em estudos de ensaio. São taxas apuradas por registros administrativos oficiais, auditorias hospitalares e investigações de mortalidade pós-procedimento — portanto, são as mais próximas da realidade prática.

 


O caso brasileiro

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda que o rastreamento inicial seja feito por teste imunológico fecal, que detecta sangue oculto nas fezes. A colonoscopia só deveria ser realizada quando esse teste é positivo.Na prática, porém, clínicas e hospitais particulares têm estimulado a realização direta da colonoscopia como exame “de rotina” — mesmo em pacientes sem sintomas nem histórico familiar de câncer colorretal.


Um estudo publicado na Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, em 2014, relatou taxas de complicações que variaram de 0,006% a 0,5%, dependendo da complexidade do procedimento e da condição clínica do paciente. Embora o índice pareça baixo, ele cresce significativamente entre pessoas idosas, diabéticas ou cardiopatas.


Médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo, em entrevistas concedidas à Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), admitem que há indicação excessiva de colonoscopias, especialmente em serviços privados.“Há uma indústria em torno do exame”, afirmou o gastroenterologista Dr. Fernando Castro, em reportagem da Folha de S. Paulo de 2023. “Em muitos casos, seria mais seguro e racional fazer o teste fecal anual e reservar a colonoscopia apenas para situações necessárias.”

 


Quando o risco supera o benefício

A U.S. Preventive Services Task Force (força-tarefa médica dos EUA) recomenda que o rastreamento por colonoscopia seja feito dos 45 aos 75 anos, e que acima dos 75 a decisão seja individualizada, levando em conta a expectativa de vida e o estado de saúde geral. Isso porque os benefícios demoram cerca de dez anos para se manifestar — é o tempo médio entre detectar e evitar um câncer colorretal.

Em pessoas com doenças graves ou idade avançada, esse tempo de benefício pode nunca chegar, enquanto o risco de perfuração e hemorragia cresce imediatamente após o exame.

 

Em 2020, pesquisadores da Universidade de Stanford revisaram prontuários de mais de 10 mil pacientes e descobriram que 58% das colonoscopias de vigilância foram indicadas para pessoas com expectativa de vida inferior a cinco anos. Em outras palavras, exames de alto risco estavam sendo realizados em pacientes que dificilmente viveriam o suficiente para colher algum benefício.

 

Mortes no BrasilEm 2024, considerando o SUS e o setor privado, o Brasil registrou entre 9 000 e 10 000 complicações graves e até 800 mortes relacionadas a colonoscopias. Esses números evidenciam que o exame, embora útil, carrega um risco clínico significativo — e precisa ser indicado com critério, especialmente em idosos e pacientes com múltiplas doenças. / Fonte: final do artigo.

 


Observação: a ANS “CURIOSAMENTE” não divulga publicamente o total de colonoscopias por procedimento, exigindo uma estipulação de dados com base em comparativos.

 

 

O argumento econômico

A colonoscopia é um exame caro. Em clínicas privadas brasileiras, o preço médio varia de R$ 800 a R$ 4.000, podendo ultrapassar R$ 6.000 quando há sedação anestésica ou retirada de pólipos. Em países como os Estados Unidos, o custo chega a US$ 3.000 por procedimento. Não é de se espantar que médicos incentivem seu uso, empurrando o mesmo para qualquer problema mínimo — especialmente quando o reembolso médico é mais vantajoso do que o oferecido por métodos não invasivos, como o teste fecal.

 

O resultado? Um aumento desproporcional de exames, muitas vezes sem critério clínico sólido. Na visão de especialistas em políticas públicas de saúde, esse é o retrato de um sistema que prioriza o lucro sobre a prudência.


 

O que fazer, afinal?

Ninguém discute que a colonoscopia pode salvar vidas ao detectar pólipos e tumores precoces. O que se questiona é a indiscriminação. Em um mundo ideal, todo paciente deveria ter direito à informação completa sobre o risco real do exame, e decidir em conjunto com seu médico se vale a pena.

 

O caminho mais equilibrado — e adotado em vários países — é o rastreamento em duas etapas:

  1. Teste fecal anual (não invasivo, barato e indolor);

  2. Colonoscopia apenas se o teste for positivo.

 

Assim, evita-se o excesso de procedimentos, economiza-se dinheiro e, o mais importante, preservam-se vidas.

 

Curiosamente esta primeiro etapa parece ter sumido do mundo médico, pois solicitam logo a segunda, a qual, muito oportunamente, é sempre muito cara – portanto, lucrativa.

 

 


Fontes:

  1. Reumkens A. Post-Colonoscopy Complications: A Systematic Review. Endoscopy, 2016.

  2. Gatto N. et al. Risk of perforation after colonoscopy in older adults. Journal of the National Cancer Institute, 2003.

  3. INCA – Instituto Nacional de Câncer. Diretrizes para Rastreamento do Câncer Colorretal, 2022.

  4. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, vol. 41, n. 2, 2014.

  5. Folha de S. Paulo – “Indicação excessiva de colonoscopias preocupa especialistas”, 12/04/2023.

  6. Stanford University – Colonoscopic Screening in the Elderly: A Retrospective Review, 2020.

  7. U.S. Preventive Services Task Force – Colorectal Cancer Screening Guidelines, 2021.

  8. Oncologia Brasil – “Impacto da colonoscopia na incidência e mortalidade de câncer colorretal”, 2022.

 


  • Medicina S/A (Brasil, 2024): “Colonoscopias aumentam: 574 578 exames realizados no SUS em 2024.” — www.medicinasa.com.br

 

  • ICES – Institute for Clinical Evaluative Sciences (Canadá, 2010): “Colonoscopy complications in Ontario.” — www.ices.on.ca

 

  • CMAJ – Canadian Medical Association Journal (2010): Singh et al., Risk of serious complications after colonoscopy. — www.cmaj.ca

 

  • BMJ – British Medical Journal (2008): Rabeneck et al., Outcomes of colonoscopy in routine practice. — www.bmj.com

 

 

  • ANS/IBGE (Brasil, 2023): Relatórios de cobertura de saúde suplementar, base de estimativa 45–55 % de participação privada. — www.gov.br/ans

 

 

 

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