PSICO: A OBRA-PRIMA DO TERROR BASEADA EM UMA HISTÓRIA REAL
- Adrian Mcoy

- 10 de out.
- 3 min de leitura

Poucos filmes mudaram para sempre a forma de se fazer terror no cinema como “Psico” (Psycho, 1960), de Alfred Hitchcock. A icônica cena do chuveiro, o suspense psicológico e a figura perturbadora de Norman Bates transformaram o longa em uma referência definitiva do gênero. Mas o que poucos sabem é que a origem dessa história não nasceu apenas na imaginação do escritor Robert Bloch — autor do livro homônimo que inspirou o filme —, e sim em um caso real, macabro e chocante: Ed Gein!
Edward Theodore Gein nasceu em 1906, em Plainfield, Wisconsin (EUA), e cresceu em um lar dominado por uma mãe fanática religiosa e autoritária. Augusta Gein, sua mãe, pregava que todas as mulheres — exceto ela — eram pecadoras e instrumentos do diabo. Essa relação doentia e sufocante moldou a mente de Ed de forma irreversível. Após a morte desta, em 1945, Ed ficou completamente isolado, vivendo em uma fazenda afastada, onde começou a alimentar um fascínio mórbido por cadáveres. Passou a desenterrar corpos de mulheres que o lembravam de sua mãe e a utilizar partes dos corpos para confeccionar objetos, como máscaras de pele humana, luminárias, e trajes femininos feitos de pele. - Quando a polícia finalmente descobriu seus crimes, em 1957, encontrou em sua casa um cenário indescritível: crânios usados como tigelas, rostos pendurados nas paredes, órgãos conservados em frascos e móveis revestidos de pele humana.
O escritor Robert Bloch, que vivia em uma cidade próxima à de Gein, inspirou-se diretamente nesse caso para criar Norman Bates, o dono do fictício Bates Motel. No livro (e depois no filme), Bates é um homem tímido e retraído, dominado pela presença sufocante da mãe — mesmo após a morte dela. Assim como Gein, Norman sofre de um transtorno dissociativo, acreditando ser a própria mãe em certos momentos.
Hitchcock viu no romance de Bloch uma oportunidade única: um terror não sobre monstros sobrenaturais, mas sobre a loucura humana e o horror que pode habitar dentro de qualquer pessoa.
“Psico” revolucionou o cinema não apenas pela narrativa, mas por suas quebras de expectativa — como a morte da protagonista logo no início e o suspense construído pela música de Bernard Herrmann. O resultado foi um marco cultural: o nascimento do terror psicológico moderno.
O caso Gein não inspirou apenas Psico. Sua história se tornou a base para diversos ícones do terror:
Leatherface, de O Massacre da Serra Elétrica (1974), carrega o uso de máscaras de pele humana e o ambiente rural isolado.
Buffalo Bill, de O Silêncio dos Inocentes (1991), também se veste com pele de suas vítimas, num claro eco de Gein.
E, claro, o próprio Norman Bates, reimaginado em séries e filmes modernos, como Bates Motel (2013–2017), que aprofunda a origem da relação doentia entre mãe e filho.
Essas obras, embora fictícias, continuam refletindo o horror que Hitchcock já havia revelado em 1960: o mal pode surgir não em monstros, mas em pessoas aparentemente comuns.
“Psico” é muito mais que um filme de terror — é um retrato da psicose humana, um espelho daquilo que a sociedade teme enxergar: a loucura, o isolamento e a distorção da moral. A figura de Ed Gein, que realmente existiu, permanece como a raiz oculta de todo um gênero, lembrando-nos de que, por trás dos clássicos do horror, há sempre um reflexo perturbador da realidade.




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