Pegamos o Bonde Andando: O Cristianismo que Herdamos e o Espírito que Esquecemos
- Adrian Mcoy
- 6 de out.
- 2 min de leitura
Vivemos um Cristianismo herdado, já estabelecido, institucionalizado e estruturado em séculos de tradições, concílios e teologias. Entramos em uma fé já pronta! Enfim - pegamos o bonde andando.
Enquanto

os primeiros discípulos andavam entre ruínas e perseguições, lançando as fundações daquilo que hoje chamamos de Igreja, nós nascemos dentro de um sistema já construído. Não presenciamos o nascer da chama — apenas cuidamos de sua brasa. E é justamente aí que reside um dos grandes enganos da nossa geração: imaginar que nossa conduta deve ser idêntica à dos apóstolos, como se o tempo não tivesse mudado, e como se a fé fosse uma fotografia e não um organismo vivo.
Os apóstolos não tinham templos, púlpitos ou cânticos padronizados. Viviam sob o peso da perseguição, sob o risco constante da morte e guiados por um Espírito ainda desconhecido do mundo. Cada palavra, cada gesto, cada viagem era um ato inaugural. Eles não seguiam uma tradição; eles eram a própria origem da tradição.
O Cristianismo apostólico não era religião — era revolução espiritual. Não havia conforto, rotina, nem aplauso. Havia renúncia, coragem e uma paixão inabalável pela Verdade encarnada: Cristo.
Hoje, em contrapartida, vivemos um Cristianismo moldado pelo tempo, lapidado por séculos de debates e formalidades. Herdamos a casa pronta — com suas paredes doutrinárias, rituais fixos, hierarquias e costumes. Mas junto isso – a distância entre o espírito e a forma.
A fé, que antes era fogo, tornou-se muitas vezes apenas cultura; a devoção, que antes era sangue e sacrifício, tornou-se rotina e conforto. O que era experiência direta tornou-se herança repetida. Não podemos, portanto, copiar o comportamento dos apóstolos, porque o contexto histórico era outro. Mas precisamos, urgentemente, reviver o Espírito que os movia.
Cristo não nos chamou para imitar o passado, mas para encarnar o mesmo Espírito em um novo tempo. A forma muda — o propósito permanece.
O apóstolo evangelizava aldeias; nós evangelizamos redes e nações.O apóstolo pregava em praças; nós pregamos em telas.O apóstolo escrevia cartas; nós escrevemos livros, revistas e publicações digitais.
O impulso deve ser o mesmo: o amor que tudo sacrifica, a obediência que não negocia, a fé que não se acomoda. A diferença entre nós e eles não deveria estar na intensidade do fogo, mas apenas na forma como ele se manifesta.
Se os apóstolos foram os fundadores, nós somos os restauradores. Não vivemos o início da história, mas podemos participar do seu fluir! O Cristianismo de hoje não precisa ser reinventado — precisa ser despertado.
Sim, pegamos o bonde andando. Mas o mesmo Condutor ainda está nele! E Ele nos chama não para sermos passageiros confortáveis, mas continuadores conscientes da missão. O erro não está em termos nascido dentro de um Cristianismo estabelecido, mas em acreditarmos que isso basta. Ser cristão hoje exige mais discernimento do que antes, pois o maior desafio já não é sobreviver à perseguição — é não adormecer dentro da religião.
Os apóstolos edificaram o caminho! Agora, cabe a nós restaurarmos o brilho que o tempo encobriu. Não com nostalgia, mas com consciência; não com tradição morta, mas com o mesmo Espírito vivo que incendiou a Galileia.
